• DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA, NA CERIMÓNIA DE ABERTURA DA V EDIÇÃO DA FEIRA DOS MUNICÍPIOS E CIDADES DE ANGOLA


    Senhor Governador da província de Benguela

    Senhores Ministros de Estado

    Senhor Ministro da Administração do Território

    Senhores Ministros

    Senhores Governadores provinciais

    Senhores Administradores municipais

    Ilustres Convidados

    Minhas Senhoras, Meus Senhores

    É com grande satisfação que participo desta V Edição da Feira dos Municípios e
    Cidades de Angola, que se realiza num momento especial da vida do nosso país.

    Estamos a celebrar 50 anos desde que Angola alcançou a sua Independência,
    passando os angolanos a ser os obreiros do seu próprio caminho e os agentes activos
    do seu próprio destino.

    Por outro lado, esta é a primeira edição que se realiza após a entrada em vigor da
    nova divisão político-administrativa, medida tomada para, de entre outro objectivos,
    permitir acelerar o desenvolvimento económico e social de algumas parcelas do
    território nacional, aproximando o poder do Estado e seus serviços aos cidadãos.

    Mas é também ímpar esta edição porque se realiza num momento em que Angola
    exerce a presidência pro tempore da União Africana, posição que nos responsabiliza
    e projecta o nosso país na arena continental e global, constituindo motivo de orgulho
    para todos os verdadeiros angolanos.

    É, pois, feliz a coincidência de esta jornada do desenvolvimento local estar a ser
    realizada no âmbito do dia 10 de Agosto, Dia da Descentralização e Desenvolvimento
    Local em África, data instituída pela União Africana com o objectivo de incentivar os
    Estados-Membros a proporcionarem plataformas de diálogo nacional, de partilha de
    inovações e de reflexão sobre o papel transformador da descentralização inclusiva na
    promoção do desenvolvimento de comunidades resilientes, equitativas e justas no
    nosso continente.

    "Construir comunidades resilientes através da descentralização inclusiva e do
    desenvolvimento local", é o tema deste ano para o Dia da Descentralização e
    Desenvolvimento Local em África.

    No exercício da nossa presidência rotativa da União Africana, propusemos o subtema
    "Infra-estruturas e Políticas Sustentáveis para o Desenvolvimento Harmonioso do
    Território", por considerarmos serem um factor crítico para o sucesso do
    desenvolvimento do nosso continente.

    Considero pertinente que este tema tenha igualmente sido o mote para os debates
    das Primeiras Jornadas Técnicas e Científicas sobre o Desenvolvimento Local,
    realizadas esta semana aqui na cidade de Benguela.

    Saúdo vivamente a contínua realização destas jornadas técnicas e científicas por se
    traduzirem numa medida de reforço do nosso diálogo democrático e governação participativa, que junta governantes, académicos, membros da sociedade civil e
    outros especialistas, para reflectirem sobre os desafios da governação local e
    identificar soluções para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva,
    harmoniosa e desenvolvida.

    Caros Participantes

    Minhas Senhoras, Meus Senhores

    O Executivo continua a investir de modo sustentado em infra-estruturas e a
    implementar políticas públicas nos mais variados domínios, como educação, saúde,
    abastecimento de água e de energia eléctrica, habitação, vias de comunicação,
    transporte e logística, por serem essenciais para a promoção do bem-estar da
    população e para promover o crescimento da actividade económica desenvolvida pelo
    sector privado.

    Temos um país extenso, com uma população que cresce a uma taxa anual de cerca
    de 3%, colocando-nos permanentes desafios, desde logo considerando o número de
    jovens que atinge a idade economicamente activa todos os anos e que procura por
    oportunidades no mercado de trabalho.

    Estamos, por isso, engajados e comprometidos com a transformação estrutural da
    nossa economia, assegurando que cada sector dê o seu contributo para o
    crescimento económico, com o objectivo de fazer com que as taxas de crescimento da
    nossa economia, do nosso Produto Interno Bruto, acompanhem, tanto quanto
    possível, este ritmo acelerado de crescimento demográfico.

    No I trimestre de 2025, o PIB não petrolífero cresceu 5,4% com uma contribuição
    assinalável do segmento da produção alimentar, tendo o país produzido cerca de 9
    milhões de toneladas de alimentos durante o mesmo período.

    Este esforço deve ser feito em todos os sectores da economia, sem excepção.

    A nossa força de trabalho tem de ser mais produtiva, trabalhar mais, gerar mais e
    melhores resultados, superar as barreiras ao investimento privado, continuar a
    desburocratizar a actividade administrativa, desconcentrar mais tarefas para os
    órgãos da administração local do Estado e muni-los de mais recursos humanos e
    financeiros para que estejam à altura de resolver os problemas das populações em
    cada um dos municípios, explorando ao máximo o seu potencial, para Angola crescer
    mais rapidamente.

    Hoje não restam dúvidas de que a aposta no conhecimento, agricultura e na indústria,
    são o caminho certo para gerar esperança e prosperidade para as famílias e aumentar
    as oportunidades de emprego, sobretudo para os jovens, mas também para a garantia
    da nossa soberania alimentar e o equilíbrio da balança de pagamentos.

    Porque a vida é feita nos municípios, é crucial que estejamos todos mobilizados para
    essa empreitada, que os governos provinciais e as administrações municipais
    assumam a dianteira deste processo de permanente transformação, que nestes
    espaços territoriais seja promovido o surgimento de redes de micro, pequenas e
    médias empresas, cooperativas e outras iniciativas empreendedoras que, no seu
    conjunto, devem configurar-se em plataformas integradas de troca de bens e serviços
    à escala nacional.

    É por isso que encaramos com bastante optimismo projectos como o do corredor do
    Lobito, que começa aqui na província de Benguela. Mais do que uma linha férrea, é
    uma grande mola impulsionadora e oportunidade de desenvolvimento das
    comunidades que se situam ao longo do Caminho de Ferro de Benguela.

    O Corredor do Lobito é um activo de importância estratégica de integração regional,
    com um potencial que não se esgota nas nossas fronteiras, devendo continuar a
    merecer a nossa atenção.

    Apelamos por isso ao engenho e perspicácia do sector empresarial público e privado
    instalado ao longo do Corredor do Lobito, a fazer desse mecanismo um factor
    impulsionador do desenvolvimento económico, com ênfase para os sectores da
    agropecuária, da indústria, da mineração e do turismo.

    Aumenta o número de investidores e países interessados em apostar no Corredor do
    Lobito. A União Europeia, por exemplo, anunciou recentemente a disponibilização de
    um pacote financeiro para reforçar o investimento nas áreas do comércio e
    investimento, formação profissional, transporte e património. É fundamental
    apostarmos no capital humano, para que as políticas públicas alcancem as metas
    preconizadas. Por esta razão, a maior fatia desse financiamento será canalizada para
    o apoio ao ensino técnico profissional.

    Esta componente importante da implementação do Corredor do Lobito está em linha
    com a materialização do Eixo 3 do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-
    2027, referente à promoção do desenvolvimento do capital humano, factor crucial
    para o progresso de Angola, na medida em que o investimento na profissionalização
    dos quadros nos vários domínios do saber irá permitir não só ganhos de produtividade,
    como também gerar oportunidades de carreira e, por sua vez, bem-estar social.

    A permanência dos desafios impõe que a nossa acção seja também contínua. É com
    este espírito de compromisso que vamos, ainda durante o mês de Agosto, inaugurar
    e colocar à disposição da nossa juventude, em particular do leste de Angola, o Polo de
    Saurimo e o Polo do Dundo do Campus Universitário da Universidade Lueji A' Nkonda.

    A mesma atenção estamos a dedicar a outras infra-estruturas estruturantes
    indutoras do desenvolvimento nacional, como são os casos do Porto de Águas
    Profundas do Caio em Cabinda, da requalificação do Porto do Namibe, a inaugurar no
    decorrer deste ano, da construção e reabilitação de estradas nacionais e municipais
    em todo país, da melhoria e expansão das redes de telecomunicações, dos sistemas
    de abastecimento de energia e água, entre outras acções.

    Durante o próximo mês de Setembro vamos inaugurar a Refinaria de Cabinda, uma
    importante infra-estrutura para o desenvolvimento da província de Cabinda e do país
    em geral.

    Depois de muitos anos paralisado, retomámos o projecto de construção da refinaria
    do Lobito, que vai tirar o país da dependência da importação de refinados do petróleo,
    nomeadamente o gasóleo e a gasolina.

    Aqui em Benguela, o projecto das infra-estruturas integradas está a dar um novo
    rosto às cidades de Benguela, do Lobito e da Catumbela e há acções também de
    requalificação de outras sedes municipais em vários pontos do país.

    Ilustres Convidados

    Minhas Senhoras, Meus Senhores

    O ano de 2025 é, para todos os angolanos, um ano de celebração e de reflexão sobre
    como devemos preservar e valorizar as conquistas alcançadas e sobre como podemos
    hoje construir um futuro melhor para cada angolano.

    Ao relembrarmos o 11 de Novembro de 1975, evocamos o espírito de bravura que
    inspirou alguns dos mais valiosos filhos da nossa Pátria para a luta que culminou com
    o hastear da nossa bandeira naquela histórica madrugada, feito heroico que nos
    inspira para a nossa luta permanente para a promoção do desenvolvimento de cada
    município do nosso país, obrigando-nos a proteger sem vacilar cada conquista
    alcançada.

    A paz, a reconciliação nacional, a unidade nacional, a integridade territorial e a
    estabilidade, são conquistas que custaram o suor de milhões de angolanos, cabendo
    a nós a obrigação de as salvaguardar e eternizar.

    De igual modo, as infra-estruturas económicas e sociais que dão suporte ao nosso
    desenvolvimento e que foram construídas com a dedicação e os recursos de todos
    nós, devem ser valorizadas e protegidas por todos.

    Este 50° Aniversário não é apenas uma mera comemoração, mas uma ocasião para
    que o povo angolano reforce o seu sentido de pertença, celebre os seus avanços e,
    colectivamente, se prepare para enfrentar os desafios futuros.

    Auguro, pois, que esta edição da Feira dos Municípios e Cidades de Angola seja
    também uma oportunidade para valorizar as conquistas alcançadas ao longo dos 50
    anos da nossa Independência, para avaliar o pulsar da nossa economia e acompanhar
    as experiências, as transformações e os desafios da governação local.

    Que seja um espaço de interacção, de partilha e de intercâmbio entre os municípios e
    cidades de Angola e de promoção de oportunidades de pequenos e grandes negócios
    que contribuam para o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional.

    A todos os municípios e cidades que hoje aqui se apresentam, deixo um apelo: que
    cada município seja uma montra viva do que temos de melhor da nossa história, da
    nossa cultura, da nossa capacidade de inovar e de construir soluções para os desafios
    do presente e do futuro.

    Que cada município seja, sobretudo, um espaço territorial onde encontraremos a
    solução de alguns dos problemas que mais afectam o cidadão, como a oferta em
    habitação, emprego e maior diversificação da produção de bens e de serviços,
    sobretudo de bens alimentares da cesta básica, que seja uma amostra da nossa
    vontade, da nossa esperança e da nossa certeza de que Angola vai vencer.

    Formulo os melhores êxitos aos finalistas da II Edição do Prémio Melhor Município de
    Angola, cujos vencedores teremos hoje a oportunidade de conhecer.

    É justo que continuemos a premiar as melhores práticas de gestão, incentivar a
    concorrência saudável entre os municípios de modo a promover e valorizar iniciativas
    que garantam a qualidade, a eficiência e a eficácia da acção governativa local.

    A audácia, o engenho e o compromisso devem ser as ferramentas na busca de
    soluções para resolver os problemas das populações em cada parcela do nosso
    território.

    Termino endereçando uma saudação calorosa a todos os participantes, expositores,
    empresas promotoras e patrocinadoras, equipas técnicas dos governos provinciais e
    das administrações municipais, parceiros institucionais, investidores, as famílias e
    público visitante, por tornarem possível a realização desta feira que, pela primeira
    vez, se realiza com 21 províncias e 326 municípios, no quadro da nova divisão
    políticoadministrativa do país.

    A vossa presença é fundamental para o sucesso deste evento e para a consolidação
    de uma Angola mais inclusiva, sustentável e desenvolvida.

    Felicito os Administradores municipais, os Governadores provinciais e o Ministério da
    Administração do Território por nos juntarem nesta feira da nação angolana.

    Agradeço o Governo da província de Benguela e a todos os benguelenses por
    acolherem todo país nesta bela província que desempenha um papel fundamental na
    nossa economia, rica em encantos turísticos, muitos dos quais eternizados nas
    nossas belas canções e pinturas.

    Declaro aberta a V Edição da Feira dos Municípios e Cidades de Angola - Edição
    Especial Angola 50 Anos!

    Muito obrigado pela vossa atenção.