Mensagem do/a Titular
Descrição
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MENSAGEM DO EMBAIXADOR
O impacto e as expectativas da presidência angolana na União Africana
Como se sabe, Angola assumiu, pela primeira vez, a liderança rotativa da União Africana, num contexto de múltiplos desafios para a paz e desenvolvimento do continente, onde persistem focos de tensão e preocupação crescente para consolidar o espírito de irmandade, princípio desde cedo defendido pelos co-fundadores do panafricanismo.
Com base na experiência de resolução de conflitos, a República de Angola tem evidenciado sinais significativos para a pacificação de África, razão pela qual a presidência do Chefe de Estado, João Lourenço, carrega consigo um relevante impacto e reserva expectativas das nações do continente, embora haja ainda zonas merecedoras de uma atenção especial.
Para melhor compreensão dos fenómenos, o Presidente João Lourenço, por ocasião do 25 de Maio, consagrado Dia de África, deixou muito claro o caminho a ser seguido, quando apontou que o continente pretende ser um actor estratégico e oferecer "soluções para si próprio e para o mundo".
Outro desafio que se espera ganhe corpo e alma é o da construção diária e preservação da unidade entre os povos, para que a África possa falar numa só voz nos fóruns internacionais, o que a tornaria mais forte e impactante.
Outrossim, é forte apelo ao respeito pelos princípios da solidariedade, da cooperação e do respeito, para que se continue a construir uma África mais integrada, onde as fronteiras se tornem pontes e não barreiras. É importante acreditar na força da juventude africana que, ao longo dos anos, se mantém com uma fé inabalável num futuro melhor e cheio de optimismo.
A África tem uma estrada a percorrer e muitos desafios a vencer, entre os quais o desemprego jovem, o acesso limitado à educação, à saúde e à habitação, a insuficiência de infra-estruturas essenciais ao desenvolvimento, a baixa taxa de industrialização, as economias pouco diversificadas, os efeitos das mudanças climáticas e a dívida crescente dos países.
Em termos organizativos e funcionais, espera-se com a presidência angolana melhorias na operacionalização de um modo prático da justiça para os africanos e os afrodescendentes por meio de reparações, que é o lema escolhido para este ano e também o que Angola elegeu para a sua liderança, centrada na importância do investimento nas infra-estruturas como factor de desenvolvimento de África.
A conjugação destes aspectos, tal como defende o Presidente João Lourenço, pode construir um canal de comunicação e de diálogo com os parceiros internacionais, que os faça compreender a importância e vantagem de cooperar com uma África desenvolvida, industrializada, com capacidade para superar a fome, a pobreza, a miséria e o desemprego, reduzindo a probabilidade de conflitos armados e de emigrantes ilegais junto das fronteiras.Por isso, devem merecer a atenção de todos, temas como a justiça fiscal, o alívio da dívida, o financiamento climático, as reformas nas instituições financeiras globais e a inclusão social, além da adopção de uma posição comum que garanta ao continente o reforço da sua influência na governação financeira global, redução dos custos do endividamento e o acesso aos recursos necessários para alcançar um desenvolvimento sustentável.
Outro aspecto tem a ver com a visão estratégica a assumir no quadro da transportação de produtos diversos e também no do comércio intra-africano e no de África com o resto do mundo. Aqui, o estadista angolano tem realçado, e bem, a importância do Corredor do Lobito e dos Caminhos de Ferro tanzanianos (TAZARA), projectos capazes de desempenhar um papel incontornável na interconexão entre os países africanos e na promoção do comércio.
Com estas estratégias alinhadas, em termos gerais, tudo aponta para a execução e aceleração do Segundo Plano Decenal de Implementação da Agenda 2063 correspondente ao período de 2024 a 2033, centradas nas infra-estruturas de Transporte e Conectividade, Energia e Recursos Naturais, Paz e Segurança, Agricultura e Economia Azul, Integração Continental e Zona de Comércio Livre, Educação e Capacitação.
Neste quadro, a questão da Paz e Segurança, por se tratar de um dos principais pressupostos para se materializarem as aspirações contidas na Agenda 2063 da União Africana, em especial o programa sobre o “Silenciar das Armas até 2030”, é fundamental, já que visa transformar África numa região pacífica, segura e confiante num futuro promissor e de prosperidade para todos.