Cientistas e profissionais de saúde africanos começaram a desenvolver acções para a eliminação da cólera em África até 2030, anunciou o Presidente da União Africana, João Lourenço.
Ao discursar esta sexta-feira, 22 de Agosto, na 5.ª Edição da cerimónia de entrega do “Prémio Hideyo Noguchi”, na cidade de Tóquio, Japão, o Chefe de Estado angolano referiu que as acções ocorrem no âmbito de uma coordenação, que se tem revelado cada vez mais eficaz, com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC).
Segundo João Lourenço, nos últimos anos, particularmente neste de 2025, o continente enfrentou surtos epidemiológicos de cólera que tiveram uma incidência dramática na vida sócio-económica das populações, especialmente em regiões e países em que esta epidemia se manifestou com maior abrangência.
“Há naturalmente um grande esforço para se controlar a repetição cíclica destes surtos, o que implica o recurso a medidas de saneamento básico, de purificação da água e de melhoria das condições gerais de higiene das populações”, ressaltou.
O Presidente João Lourenço afirmou que os países africanos têm consciência da necessidade urgente de levar a cabo essas acções, apesar de haver ainda necessidade consciencialização das populações sobre o modo como devem lidar com o ambiente que os rodeia.
Por outro lado, declarou que em muitos casos, a realização de tais propósitos fica muito aquém dos objectivos delineados, por condicionalismos de ordem financeira e dos que se prendem com a insuficiência de pessoal tecnicamente capacitado para dar respostas rápidas e eficientes à situação.
“Mesmo assim, não estamos única e passivamente à espera de que nos acudam do exterior”, asseverou o Presidente da União Africana.
Nesta 5.ª Edição do Prémio Hideyo Noguchi foram galardoados o maliano Abdoulaye Djimdé, e a instituição suíça Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas.
O mérito deveu-se aos trabalhos que realizaram e contributos que prestaram no âmbito do aprofundamento dos conhecimentos científicos na área do combate à malária e para o desenvolvimento de medicamentos e tratamento de doenças negligenciadas em África, com realce para a doença do sono.
A cerimónia de entrega do Prémio Hideyo Noguchi ocorreu na presença do Imperador Naruhito, da Imperatriz Masako e do Presidente da União Africana e de Angola, João Lourenço.
“Quero aqui render um especial tributo aos laureados de hoje, que nos permitem fazer renascer a esperança por um futuro seguro e com mais saúde, graças ao seu sacrifício e à sua incansável dedicação à ciência, de que resulta naturalmente a protecção da espécie humana”, frisou o líder continental.
João Lourenço salientou que este prémio “sabiamente instituído” pelo Governo japonês é uma distinção que reverencia o legado de um cientista que dedicou a sua vida à batalha contra as doenças infecciosas em África e desbravou os caminhos da investigação bacteriológica, legando ao mundo uma obra vasta nesta matéria.
O Presidente angolano acredita que a obra de Hideyo Noguchi teria sido mais ampla, se não tivesse enfrentado o infortúnio de sucumbir às consequências graves da febre amarela que contraiu enquanto realizava trabalhos de investigação em África.